Ponta Delgada – São Pedro Nordestinho em autocarro

Autocarros - Ponta Delgada - Pedalaçores Depois de algumas surpresas pelo caminho nesta maravilhosa viagem a pedalar pelos Açores e depois de suprimidas algumas das necessidades de manutenção da minha companheira de duas rodas no Sábado passado, dia 31 de agosto, chegou a hora de voltar para São Pedro Nordestinho e continuar a jornada.

Os horários de autocarro durante o fim de semana em São Miguel são um bocado mais restritivos e para o meu trajecto só haviam dois: um às 6:45 e outro às 16:15 e como não tinha a oficina aberta assim tão cedo para buscar a roda da bicicleta tive que “optar” pelo autocarro da tarde, podendo assim passar mais tempo na cidade em companhia dos amigos que me acolheram, ou seja, foi divertido.

Autocarro - Ponta Delgada - PedalaçoresDepois do almoço, feitas as despedidas e após um passeio pela marginal de Ponta Delgada a observar o tráfego nas Portas do Mar chegou a hora de ir à procura da paragem do autocarro para o Nordeste.

É incrível que uma cidade com a dimensão (e movimento) de Ponta Delgada tenha um sistema de transportes públicos a funcionar da maneira que funciona. Não existe um terminal de autocarros e as paragens, que aparentam estar separadas por empresas, não estão nada sinalizadas e quem utiliza, ou tenta utilizar, o sistema pela primeira vez deve ficar assim um pouco desorientado como eu fiquei e nem mesmo as pessoas que ali vivem parecem entender muito bem a distribuição das paragens. Perguntei para mais do que uma pessoa e tive informações completamente diferentes.

Autocarro - Ponta Delgada - PedalaçoresPara tirar a teima, fui em direcção a um autocarro que estava estacionado, perguntei ao motorista e ele me apontou o lugar certo para aguardar. Uma das pessoas a quem eu havia perguntado e que aguardava numa outra paragem veio ter comigo e perguntou se era ali onde eu estava a paragem para o Nordeste e eu disse que sim. Aproveiei e perguntei à senhora se ela era de São Miguel e ela disse que sim e isto serviu para confirmar que a confusão não era só minha.

Ali naquela zona onde estive entre o Campo de São Francisco e as Portas da Cidade, no centro de Ponta Delgada, a maior cidade dos Açores, não encontrei nenhuma paragem de autocarro sinalizada com itinerários, horários ou o que quer que seja que pudesse facilitar a vida dos utentes do sistema de transporte ou dos turistas. Acho que a população já merecia algo melhor e mais organizado. Com tantas obras que ali foram feitas nos últimos anos parece que o sistema de transportes públicos parou no tempo e depois da implementação dos mini-autocarros, as Bertinhas, parece que pouco mais aconteceu.

Depois de estar já a viajar comecei a reparar em todas as paragens e, pelo menos naquele trajecto, não ví nenhuma paragem assinalada dentro da cidade. Só quando o autocarro entrou na via rápida que liga Ponta Delgada à Ribeira Grande é que apareceu uma paragem com os destinos assinalados mas não consegui ver se haviam mais informações. Foi curioso porque à medida que nos afastamos da cidade a frequência das paragens com o destino assinalado aumentou.

Autocarro - Ponta Delgada - PedalaçoresA viagem seguia tranquilamente e houve tempo para uma surpresa, quando de repente o autocarro simplesmente apagou-se e deixou de funcionar no meio da via rápida.

Ocorrida a pane e após algumas tentativas sem sucesso de ressuscitar o veículo, o motorista desceu da viatura e durante todo o tempo que lá estivemos parados, cerca de 30 minutos, não dirigiu sequer uma palavra aos passageiros. Não houve qualquer recomendação para não abandonar o autocarro, não nos informou que outro carro iria nos buscar, não pediu desculpas pelo inconveniente, não vestiu o colete para ir para a estrada, enfim… nada.

Fica aqui mais uma sugestão às empresas de transporte público para investirem um pouco mais na segurança rodoviária dos seus colaboradores e passageiros/clientes e formar e informar os seus profissionais que alguns procedimentos básicos devem ser seguidos.

Depois de chegar o nosso novo autocarro, seguimos viagem e felizmente tudo correu bem, apesar da velocidade um pouquinho excessiva do motorista.

Nós, os últimos 3 passageiros que sobraram, chegámos a São Pedro Nordestinho por volta das seis e meia da tarde e fui  para a casa do sr. Daniel preparar a bicicleta para a próxima etapa até as Furnas que prometia ser difícil por ser uma etapa noturna. Assim como a roda empenada, esta etapa noturna para as Furnas não estava programada, mas teve que acontecer também para poder sentir de que maneira os carros iriam se comportar com a presença de uma bicicleta (devidamente iluminada) na via, mas isso fica pra outra publicação.

Para terminar, também estive a pensar durante a viagem na questão da dimensão do autocarro. Se nas viagens de fim-de-semana não existem assim tantos passageiros, por que um autocarro tão grande? Não há economia ao se fazer uma melhor gestão da frota neste sentido? Viagens tão longas com poucos passageiros já não compensavam um autocarro menor pelo menos aos fins-de-semana?

São perguntas que deixo aos gestores de frota ou aos responsáveis por elaborar os horários dos autocarros. Já agora também sugiro que estes mesmos gestores apanhem os autocarros que administram e não só para avaliarem o que pode ser melhorado de maneira a agregar mais adeptos, ou seja, clientes uma vez que é disso que vivem as empresas.

Não podemos dormir no ponto 🙂

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